sábado, 11 de janeiro de 2014

Avião, medo e outras neuras afins

Adoro viajar. Aliás, não faço questão de roupa de marca, carro de luxo ou qualquer outro tipo de exigência consumista. Mas viajar é meu fraco. Conhecer lugares, sua arquitetura, história, costumes, culinária, como são as pessoas. Observar outros hábitos abre os horizontes e nos faz enxergar a rotina de forma diferente. Voltamos renovados.

E a viagem inicia bem antes, lá nas pesquisas de passagens, hotéis e roteiros. É uma delícia! Tudo quase um paraíso. Quase. Para mim, particularmente o problema começa com a antecedência de um mês, por volta das três da madrugada. Uma chuva de neuras estraga prazeres insiste em fervilhar na minha criativa cabeça a ponto de me deixar sem sono.

O assunto é básico. Viajamos de carro e ninguém está livre de um acidente. Mas aí, desculpem o mau agouro, podemos sair com algum ossinho quebrado ou alguns hematomas. Já para quem insiste em transgredir a lei da gravidade... Já manjou? O problema é o avião. Sim, esse veículo que nos facilita a vida e que nos põe do outro lado do mundo em muito menos tempo do que permitiria nosso arsenal terrestre ou marítimo.

O interessante é que durante esse período de autoflagelo – um mês antes da viagem – os meios de comunicação insistem em veicular algum tipo de acidente aéreo. É a peste! Tiro e queda! Avião some, avião faz pouso forçado, avião colide, valei-me!

Ontem um piloto de monomotor achou por bem de fazer graça em Nova Zelândia e chamar a atenção da imprensa. Fez pouso forçado numa praia lotada por conta de uma pane. Após consertar o motor e tentar decolar, deu um mergulho tipo golfinho e enfiou o bico nas marolas. E realmente foi cômico porque ninguém teve nada.

Pronto, danou-se! A dois dias da minha viagem, agora esse mote: pane e pouso forçado! Mas não pense que eu não gosto de voar. Acho o máximo um bichão daquele, cheio de gente e de tralha subir e descer todo certinho. Curto todo o processo. Mas curto tensa, dura feito uma vara de bater feijão. O parente que estiver junto de mim na decolagem e na aterrissagem sofre. Passa uns dois dias com o braço todo roxo, porque aperto com força de fazer inveja a Hércules.

A essa altura, deve ter alguém achando que é frescura ou que sou doida. Medo, criatura! Medo. Alguém já lhe falou que é irracional? Sei de todas as probabilidades, que são infinitamente menores do que andar de carro, blá blá blá. Mas vai dizer isso ao meu inconsciente!


Faz parte do meu processo. Talvez algum dia passe. O bom é que nunca deixo de viajar por conta dele. Aliás, ele, o medo de voar, já integra o meu roteiro. É um dos ingredientes para o pico de adrenalina. E quando piso em solo novo, tudo se transforma! O encanto e a curiosidade tomam conta de mim e o espírito desbravador entra em ação. Se o medo fica para trás? Ele se esconde em algum lugar da mala, para entrar em ação na véspera da volta para casa! 


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