domingo, 3 de junho de 2012

MDNA TOUR - primeiras impressões




Falar sobre Madonna é algo fácil e ao mesmo tempo muito difícil. Falar sobre sua nova turnê, MDNA TOUR, que estreou há exatos dois shows, tem o mesmo desafio. Principalmente porque esse seu último trabalho é metalinguagem pura.

Dito isso, peço licença para declarar minhas primeiras impressões. Confesso que ao assistir, ansiosa, as postagens iniciais feitas pelo público de Tel Aviv, senti um misto de angústia e mais ansiedade. Não aparecia o que eu esperava, nada detalhava nada. Um pavoroso indício de non sense. Mas ela é assim. Aguarde e confirme.

Aos poucos a colcha de retalhos foi tomando comprimento e espessura. E ainda está em montagem, na minha cabeça e na de muitas pessoas que a acompanham. Porque isso é Madonna: aparentemente muito fácil, por ser pop e até kitsch. Mas não se engane, pois nenhum detalhe foi acrescido por acaso e tudo deságua nas mensagens que ela quer passar para o mundo.
 
MDNA Tour veio bem mais densa, onde a estrela dança pouco e canta mais, dispensando o tão usado playback. A leitura inicial é que a artista pretende afirmar sua mais nova reinvenção: uma estrela consagrada que atravessou décadas e que agora se dá ao luxo de falar sobre seu próprio ícone.

Para quem ainda está com a imagem de Sticky and Sweet Tour, leve, colorida, que tinha a dança como carro chefe, é hora de, como eu, ter a primeira decepção. Acompanhar o trabalho de Madonna é sentir um pouco dessa dual artista. Decepção e encantamento, dor e prazer, tristeza e alegria. E os sentimentos vem necessariamente nessa ordem, para a alegria de seus fãs.

S&S Tour falava sobre pop, hip hop, dança de rua. MDNA é mais teatral e fala sobre MADONNA. Uma revisita a sua carreira, que somente a dança não abarcaria. Há o recorrente tema religioso já na abertura, uma sagração ao sagrado e ao profano. O sutiã cone, usado em 1987 na Turnê “Who’s That Girl” foi novamente desenhado por Gautier, agora em uma versão 3D, se assemelhando a uma gaiola.

A polêmica, outro tempero que não pode faltar em sua vida, agora vem com a menção em palco aos comentários da mídia: a semelhança de Born This Way, de lady Gaga, com o hit Express Yourself. Tudo isso com uma inserção de segundos do refrão Born This Way, arrematado por She’s Not Me, música do álbum S&S. Atitude questionável, mas que já abriu discussão e repercussão, tendo muitos veículos deixado de analisar o todo do espetáculo para se deterem na questiúncula levantada por Madonna.

O tempo passou e isso Madonna deixa claro. Em contrapartida, afirma em suas imagens que ele apenas faz parte de sua obra, onde ela é a protagonista. É a velha mania madônica de mostrar quem manda. Releitura, reafirmação/afirmação. Os anos passaram e ela tem atravessado todas as ondas e geralmente se mantido no topo. A nova versão de Like a Virgin diz muito sobre isso: regada ao piano, aos 54 anos e com pouca roupa no palco, Madonna em alguns momentos canta se apoiando em uma bengala e em suas costas está escrito NO FEAR. É dizendo que não se deve ter medo que ela enfrenta seus próprios medos. E assim ela foi e é uma gigante e por isso tão amada e admirada. E assim será.

Fotos: imagens do Google.