quarta-feira, 25 de março de 2009

"Meia" indignada!

Na verdade, fica o registro da minha indignação inteira! Mas para não perder a veia "debochística", vale o trocadilho. O fato é que sábado passado me dirigi à pré-venda dos ingressos para o espetáculo do Cirque du Soleil em minha cidade. Fui muito "anja" (como dizia minha linda mãezinha) e crente que estava abafando, por poder garantir meu lugar ao sol de forma antecipada. Não só meu, mas de todos daqui de casa, incluindo uma criança de cinco anos.

Como boa representante do clube das precavidas e certinhas de CARTEIRINHA (documento que não erviu pra nada), lá vou eu com certidão de nascimento de minha filha para comprovar o que eu estaria dizendo.

Antes mesmo de chegar no guichê (com atendentes superdespreparados e enrolados) fui agraciada com a informação de que a minha pequena de cinco anos simplesmente (assim mesmo, bem light, tranquilo e natural) pagaria entrada INTEIRA porque ela não tinha carteira de estudante.

Aí já fui ficando MEIO enfezada. Mas mantive a calma para não prejudicar a capacidade de argumentação. E tome argumento. Disse que era uma prática ilegal, que eu costumava levar minha filha a cinemas, espetáculos e teatros simplesmente comprando MEIA e que sequer tinha que comprovar o óbvio: que ela é uma criança.

A moça, que já estava "MEIA" de saco cheio de tanto explicar a mesma coisa pra um monte de gente, encheu o peito e mostrou uma lei estadual que dispõe sobre a meia entrada e a carteira de estudante. Daí falei que a prática continuava a ser ilegal, visto que acima da lei estadual está a lei federal, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente, blá, blá, blá... Resumindo: Ela chamou o supervisor, mas já adiantou que eu não conseguiria nada porque essa era a ordem. E assim realmente foi.

O pior de tudo é que uma amiga que estava comigo bastou apresentar a carteira de identidade de sua mãe e comprou meia entrada, em virtude do Estatuto do Idoso. Sinceramente? De Estatuto para Estatuto, não há diferença legal e ambos devem ser observados!

O que existe é uma omissão do legislador, pois no ECA garantiu à criança e ao adolescente o direito à cultura e ao lazer, mas não deixou expresso o direito a meia entrada. A lei estadual em que a Ticketmaster está se baseando, em meu estado, assegura aos "estudantes regularmente matriculados nas escolas de primeiro, e segundo e terceiro graus das redes públicas e particulares do estado, o pagamento de meia-entrada do valor efetivamente cobrado para o ingresso em casas de diversão, de espetáculos teatrais, musicais e circenses, em casas de exibição cinematográfica, peças esportivas e similares das áreas de esportes, cultura e lazer de Pernambuco".

E COMO FICAM OS PEQUENINOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL? BINGO PARA OS PRODUTORES DE EVENTO! E a gente sabe bem a quem servem as omissões das leis. Aí fica essa torre de Babel: cada estado regulamenta de um jeito.

SE COMPREI O INGRESSO? Voltei para casa "MEIA", INTEIRA, totalmente indignada e com dor de cabeça por não poder fazer nada. Mas também os igressos não comprei. E não condeno quem pagou inteira para uma criança de quatro, cinco anos. Realmente é um espetáculo muito esperado, pra sorte da Ticketmaster.

Sinceramente? NÃO SOU OBRIGADA. Perdi a vontade de ver o tal circo. E com o valor de um único ingresso, vou comprar uma bicicleta bem linda para pedalar pela minha cidade...

O desfecho legal? O Senado fez o favor de apresentar projeto de lei restringindo o uso da carteira de estudante (diga-se MEIA entrada), estabelecendo que a meia-entrada não valerá nos cinemas em finais de semana e feriados locais ou nacionais. Para todos os outros eventos, como peças teatrais e shows, a meia-entrada não valerá de quinta-feira a sábado, se o projeto for aprovado. E, PASMEM, essa lei também atinge os maiores de 60 anos. É o samba do crioulo doido em benefício de já sabemos quem.

Moral da história: Quem vive na palhaçada gratuita não precisa pagar circo europeu!

domingo, 22 de março de 2009

CULPA ZERO!


Há tempos que estou para escrever essa postagem. Então vamos lá. Atualizando...A pauta é: MULHER e CULPA ZERO!

Queridas leitoras, já pararam para avaliar o percentual de incidência do sentimento de culpa que nos acompanha?
Eu já. E resolvi que SIMPLESMENTE não sou mais culpada por questiúnculas como a cara emburrada do marido, ou da secretária, pelo bolo ter ficado solado, pelo filho que gripou, pela nota baixa do filho, pelo trabalho que não concluí no prazo, pelo concurso que não passei, pela infelicidade dos outros, pela casa desarrumada, por ter acordado tarde, pelo jeans 40 que não entra nem de cabeça pra baixo, pelo sapato carérrimo que comprei - ou pela bolsa - ou pelos dois.

Posso até ter contribuído para o evento, mas o fato é que a partir de agora não carrego mais aquele aperto no peito e aquela martelada na cabeça, a cada segundo, que me angustiavam por dias: a culpa.

O lema é: aconteceu, e daí? Não sou obrigada! Não sou obrigada a me sentir culpada por questiúnculas do meu dia a dia! Sou humana, carne e osso, como qualquer criatura nesse planeta.

Acho que tenho coisas mais importantes para sentir culpa e fazer algo para reverter: o aquecimento global, os mendigos do sinal e tantas questões realmente muito importantes ao nosso redor.

Portanto, AMIGAS, LEITORAS, COLABORADORAS E LEITORES TAMBÉM (vcs podem disseminar essa idéia juntoàs mulheres que conhecem!), ADOTEMOS O LEMA CULPA ZERO! Façamos nossa parte e... paciência, não somos obrigadas. Mente e corações livres da inútil culpa! Eva um caramba! Isso é Estória da carochina! É pura manipulação. Nos libertemos dessa conversa fiada carimbada em nossos gens.

Durante a minha fase de questionamento, recebi um e-mail de uma amiga, que abaixo publico. Ele é da jornalista Martha Medeiros e foi publicado no Jornal O Globo.

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes.Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado duas vezes por semana, decido o cardápio das refeições, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!E, entre uma coisa e outra, leio livros.Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic.Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.Primeiro: a dizer NÃO.Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.Culpa por nada, aliás.Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero.Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.Você não é Nossa Senhora.Você é, humildemente, uma mulher.E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável...É ter tempo.Tempo para fazer nada.Tempo para fazer tudo.Tempo para dançar sozinha na sala.Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.Tempo para sumir dois dias com seu amor.Três dias.Cinco dias!Tempo para uma massagem.Tempo para ver a novela.Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.Tempo para fazer um trabalho voluntário.Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.Tempo para conhecer outras pessoas.Voltar a estudar.Para engravidar.Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.Existir, a que será que se destina?Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir...Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.Desacelerar tem um custo.Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.


sábado, 21 de março de 2009

Homenagem tardia


Há mais ou menos um mês eu zapava pela TV, quando vi um programa do Sílvio Santos, num dia de semana à noite, onde o entrevistado era ninguém menos do que Clodovil. Esse entrevistado acalmou meus dedos nervosos no controle remoto e prendeu minha atenção. Como fez a vida inteira.
Sempre o acompanhei na televisão, antes de iniciar seu período de “exílio”, ou como queiram outros, da geladeira, jargão comum no meio.
A intimidade com a comunicação e a facilidade de articular palavras precisas para expressar suas idéias sempre foi motivo para admirá-lo. E acima de qualquer coisa, sua autenticidade e sua coragem de simplesmente ser ele mesmo. Coisa rara. Digo que ele foi muito mais “macho” do que grande parte dos héteros.
Na entrevista ele tinha que responder perguntas dizendo apenas a verdade. Então ele falou sobre sua época de universitário, quando ficava rabiscando modelos no caderno, bem como de uma colega que percebeu seu dom e o incentivou a mostrar seus desenhos para grandes lojas de tecido.
Falou também de sua sexualidade e do problema de próstata que teve. E foi muito sublime ao abordar o prazer. Disse que já não mais podia ter o prazer da forma tradicional, mas que o corpo como um todo é um propiciador de prazer e de gozo. Focalizou o prazer na mente. Sábio homem dando dica para os que se acham caso perdido.
Nasceu em 1937, no interior de São Paulo e foi adotado por pais de origem espanhola, porém nunca conheceu seus pais biológicos. Foi educado em colégio interno por padres católicos e formou-se professor.
Irreverente, trouxe a moda para perto das pessoas. Foi precursor de muitos valores, levando ao povo brasileiro a consciência estética que não obrigatoriamente deve depender de condição econômica. Socializou a moda.
Findou Deputado Federal, um dos mais votados no estado de São Paulo. Participava da Comissão de Direitos Humanos e da Minoria. Apresentou um grande número de propostas, dentre elas a redução do número de Deputados na Câmara.
Descanse em paz e que sua rota seja conhecida através das gerações. Precisamos de pessoas assim para nos inspirar. Finalizo bem ao estilo Madonna, que não sei se ele admirava, mas que prega o mesmo lema seu: “Express yoursel!”.
Segue depoimento da minha amiga Egline:
Clodovil Hernandes

Quem não conheceu a vida desse homem irreverente, de língua afiada e que desafiou o mundo, pelos seus ideais.

Acredito que não tenha sido fácil, mas ele conseguiu ser quem ele quis, talvez não na sua totalidade, mas na grande maioria do tempo.

Xingado por uns e amado por outros, odiado com certeza, mas fica o exemplo de que - ser do bem - não significa ser igual a todo mundo. Até porque, nunca agradamos a todos. E cada um de nós traz dentro de si algo que difere do outro, mas representar o mundo da moda, assumir sua homossexualidade e ser respeitado num tempo de tamanha repressão e preconceitos, isso foi genial.

Não importa aqui e agora seus deslizes morais(que nem acho que os teve tanto, porque quem não os tem e quem somos nós para querer e poder julgá-lo), seus fracassos pessoais, suas frustrações e pequenos escândalos... O que pesa nesse momento é sua seriedade, serenidade, inteligência, bondade e seu amor para com o próximo e tudo de bom que ele pode fazer e realizar, nessa vida, e, passar para aqueles a quem amou e se dedicou.

Aos 71 de idade, ele sai desse planeta conturbado, porém, viveu seus momentos de glamour, decadência financeira(segundo as más línguas) e sobreviveu aos preconceitos, contudo, deixou o seu legado...
A ele meus aplausos, meu respeito e minha admiração.

Revolta todos nós temos, em algum momento de nossas vidas, mas viver uma vida do jeito que se deseja assumidamente, enfrentando uma sociedade e uma humanidade de valores tão distorcidos, é um ato de coragem e de amor a si próprio.

Siga em paz nessa nova jornada que se inicia.

Egline Santana.21/03/2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Clive Owen: o gato da vez


Acolhendo a sugestão de minha amiga Lucinda, O gato da vez é Clive Owen. Para quem não associa o nome, ele atuou no filme Closer – perto demais. Esse libriano de 44 anos (Afrodite gosta de uns quarentões, né?) é inglês e gosta de papo sério: está casado com a atriz Sarah-Jane Fenton desde 1995 e tem duas filhas: Hannah e Eve.










Ele conheceu sua esposa na Royal Academy of Dramatc Art, enquanto protagonizavam a peça Romeu e Julieta. Owen atua desde os 13 anos, quando encenou sua primeira peça na escola. Após isso, não quis mais estudar e suas notas caíram, tendo sido aprovado apenas em Inglês. Sua primeira aparição na TV ocorreu em 1986, na série Boon. Mas a fama na Inglaterra veio só dois anos depois, com a minissérie Chancer. Sua estréia no cinema foi no road movie Vroom, em 1988, no qual atuou ao lado de David Thewlis e Diana Quick.


A fama internacional veio em O Jogador (1998) e Assassinato em Gosford Park (2001). Mas a consagração deu-se ao ser indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por Closer – Perto Demais, no qual fez o dermatologista Larry. Pelo papel, ganhou o Globo de Ouro na mesma categoria. Seu primeiro épico foi Rei Arthur, no qual fez um monarca cheio de conflitos, dividido entre suas ambições pessoais e o dever como governante.


Após a consagração por Closer o astro começou a ser escalado para várias produções como Sin City – A Cidade do Pecado, o thriller Fora de Rumo, em que contracena com Jennifer Aniston, e O Plano Perfeito, de Spike Lee, com Denzel Washington no elenco. Realmente, amiga, esse tira o fôlego!

sexta-feira, 6 de março de 2009

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!"

Domingo será o Dia Internacional da Mulher. Ótimo. Acho merecido refletir sobre um gênero que foi historicamente massacrado pela ignorância e pela força bruta.
Estamos em pleno século XXI e muitos massacres ainda perduram. Os físicos e os psicológicos. De uma forma ou de outra somos educadas e condicionadas a nos sentirmos responsáveis e culpadas quando algo não está dando certo. É um bom momento para pensarmos nisso.
Curiosamente, na semana que antecede a data, o arcebispo de Olinda e Recife tem a infeliz idéia de abrir a boca para exomungar toda a equipe que cuidou da saúde de uma garota de nove anos, estuprada pelo padrasto, grávida de gêmeos e que corria o risco de morrer.
Uma postura pública dessas remonta ao período mais negro da Idade Média, onde éramos queimadas vivas na fogueira. Para quem acredita em reencarnação, e eu acredito, essa criatura veio direto da inquisição para os dias atuais. É uma lástima.
Reflitamos e renovemos nossos valores. É dia também de comemorar. VIVA MADONNA, VIVA SANTA JOANA DARC, VIVA MARIA DA PENHA, VIVA A DONA DE CASA ANÔNIMA, VIVA AS HUMANISTAS, AS REBELDES SEM CAUSA, AS COM CAUSA, VIVA ROSA LUXEMBURG, VIVA OLGA BENÁRIO, VIVA RAQUEL DE QUEIROZ, VIVA RITA LEE, E UM VIVA BEM ESPECIAL ÀS NOSSAS AMIGAS MAIS PRÓXIMAS, cujas histórias de luta diária conhecemos bem de perto. QUEM QUISER QUE SE HABILITE, O QUE NÃO FALTA É APETITE!