sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Será o fim?


Fim das férias, fim do verão, de acordar tarde, de dormir tarde, de ver tv, de ler livros que gosto, de passear à tarde, de ir ao salão, de cuidar dos pequenos, de pensar bobagens, de ficar deprimida, de limpar a caixa de e-mails, de arrumar o guarda-roupa, de ir à praia, de escrever minhas crônicas. Certamente o fim de um ciclo e o início de outro que também chegará ao seu FIM.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A pior das solidões

Existirá algum tipo de solidão pior do que o outro? Em alguns momentos há a boa solidão. Aquela que realmente precisamos ficar na nossa por algum tempo, Parar, para refletir. Ficar só consigo mesmo. Mas entre as solidões indesejadas, acredito que a pior é aquela quando olhamos para quem está fisicamente ao nosso lado, mas já não o sentimos mais ali. Ou nós já não estamos mais ali. Ou os dois já se foram. Quando os idiomas não são mais traduzidos. Quando dizemos bom dia, boa tarde e boa noite sem mais nos olharmos nos olhos. Quando acaba a leveza. Mera formalidade.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bonecas de crochê


Dizem que a arte da sutileza faz parte da alma feminina. Na boa, acho sem sombra de dúvida essa uma excelente arma bélica, estratégica, inteligente. Mas também acredito que esse gen passou batido no meu chip. No entanto, estamos aqui pra evoluir, né? A quem interessar possa, segue um texto que recebi em meu e-mail e que me fez das boas risadas e refletir... ÀS VEZES É NECESSÁRIO MESMO FAZER ALGUMAS BONECAS DE CROCHÊ! Segue: "Um homem e uma mulher estavam casados por mais de 60 anos. Eles tinham compartilhado tudo um com o outro e conversado sobre tudo. Não haviam segredos entre eles, com exceção de uma caixa de sapato que a mulher guardava em cima de um armário e tinha avisado ao marido que nunca brisse aquela caixa e nem perguntasse o que havia nela. Por todos aqueles anos ele nunca nem pensou sobre o que estaria naquela caixa de sapato. Um dia a velhinha ficou muito doente e o médico falou que ela não sobreviveria. Sendo assim, o velhinho tirou a caixa de cima do armário e a levou pra perto da cama da mulher. Ela concordou que era a hora dele saber o que havia naquela caixa. Quando ele abriu a tal caixa, viu 2 bonecas de crochê e um pacote de dinheiro que totalizava 95 mil dólares. Ele perguntou a ela o que aquilo significava, ela explicou; - Quando nós nos casamos minha avó me disse que o segredo de um casamento feliz é nunca argumentar/brigar por nada. E se alguma vez eu ficasse com raiva e você que eu ficasse quieta e fizesse uma boneca de crochê. O velhinho ficou tão emocionado que teve que conter as lágrimas enquanto pensava 'Somente 2 bonecas preciosas estavam na caixa. Ela ficou com raiva de mim somente 2 vezes por todos esses anos de vida e amor.' - Querida!!! - Você me explicou sobre as bonecas, mas e esse dinheiro todo de onde veio? - Ah!!! - Esse é o dinheiro que eu fiz com a venda das bonecas."

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Enfim, nasceu!


Uma amiga há muito me "aperreava" pra criar um blog. A resistência perdurou porque não queria mais um compromisso. De repente meu lado afrodite estava soterrado pela faceta Hera. E aqui surge o blog para dar vasão ao lado mais leve do meu ser. Mesmo que seja para tratar de temas sérios, tristes. É isso. Afrodite se quiser, mas eu estou adorando escrever em meu recém-nascido blog. "Express yourself!" Já dizia uma grande DIVA! que a Hera do cotidiano não aprisione nossas Afrodites! Acreditem!
Obrigada, amiga pelo incentivo. Só agora entendo o seu tesão por esse vício bloguístico...
PS - Estou inserindo textos que já havia escrito. Novos certamente virão.

MADONNA: RETROSPECTIVA DE VÁRIAS ÉPOCAS


Enquanto chega o esperado show, os fãs de Madonna podem ampliar seus conhecimentos sobre a diva lendo sua recente biografia lançada pela Editora Nova Fronteira. As quinhentas páginas de MADONNA 50 anos – A biografia do maior ídolo da música pop é uma rica retrospectiva do cenário cultural da música pop internacional nos anos 80 e 90.
Escrita pela inglesa Lucy O`Brien, o livro surpreende quem vai em busca de escândalos e revelações da vida íntima da pop star. O calhamaço prende o leitor pela riqueza de informações e análise sobre todo o processo criativo adotado pela Diva.
O ponto de partida é o ano de 1960, na cidade de Detroit e a descrição da família de imigrantes italianos com as dificuldades trazidas pelo preconceito à nova onda de imigração européia. Nesse cenário está inserida uma menina que sempre apresentou alto desempenho escolar, concluindo o segundo grau antecipadamente e partindo para cursar faculdade de dança, abandoná-la e partir com a cara e a coragem para Nova Iorque.
Madonna 50 anos é escrita por uma inegável fã que não se limitou em ser benevolente nas análises. A obra também descortina a faceta egocêntrica e interesseira da artista, embora apresentadas sob o véu da obstinação.
O ponto alto do livro, especialmente para os leitores balzaquianos, é o resgate do rico cenário musical nas duas décadas de surgimento e consolidação do ídolo Madonna. O paralelo traçado entre ela e Cindy Lauper, sua relação com Prince, bem como a citação das bandas da época.
Lucy foi generosa nos detalhes, pois seu livro é um estudo minucioso de cada produto lançado pela cantora. Cada álbum conta uma história que é encenada em videoclipes e desenvolvido em suas turnês, sob os diversos pigmentos utilizados pela cantora-camaleoa. Na turnê Girlie Show, o leitor compartilha com o bailarino de rua e coreógrafo brasileiro Alex Magno as suas impressões sobre as idéias de Madonna para as coreografias.
A relação da estrela pop com o cinema também é examinada, descrevendo os iniciantes Procura-se Susan, Uma Equipe Muito Especial, Surpresa em Shangai, Dick Tracy, sua parceria com Woody Allen em Neblina e Sombras e o glamoroso Evita, além de suas participações no teatro, incluindo a Broadway.
No capítulo “Anjo caído” é relatado todo o processo criativo e a bombástica repercussão do livro Sex, publicado em 1991, quando Madonna criou a Maverick, sua empresa multimídia. É dessa época sua célebre afirmação “Em todo o meu trabalho, o objetivo é nunca ter vergonha, de quem você é, do próprio corpo, do próprio físico, dos seus desejos, das suas fantasias sexuais. O medo é a razão pela qual existem intolerância, sexismo, racismo, homofobia... As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido. O que estou dizendo é: Não tenha medo.”
O capítulo analisa também a importância da expressão de Madonna no início dos anos 90 para a homossexualidade, principalmente feminina, por conta do lesbianismo de batom, glamoroso, belo e com celebridades. Madonna, segundo a autora, tem um longo caso amoroso com a cultura gay. Afinal, as mulheres que lhe servem de referência, de Marlene Dietrich a Frida Kahlo, eram bissexuais.
Após uma década de ricas descrições, a escritora chega ao ano 2000 e aí está uma Madonna saindo da toca, onde esteve cuidando de sua prole. Emerge uma artista preocupada em dividir espaço nas estações de rádio com cantoras mais jovens, como Britney Spears e Christina Aguilera. É a época de se tornar a senhora Ritchie, morar em Londres e lançar mais um sucesso mundial: music.
O livro finaliza com o relato de sua participação no Live 8, um mega evento em Londres, com o objetivo de conscientizar sobre a fome no mundo e defender o perdão da dívida externa na África. Ao lado de Annie Lennox, The Who e Pink Floiyd, que se reuniu especialmente para a ocasião, Madonna foi um dos pontos altos do espetáculo.
O pigmento agora é o de uma Madonna politizada e preocupada também com as questões globais. Apesar da abundância de informações, o livro não esgota as possibilidades da camaleoa, prato cheio para Lucy, que certamente terá mais histórias para render um segundo volume.
(Texto escrito em dezembro/2008)

Serviço:
Madonna 50 anos: a biografia do maior ídolo da música pop.
Editora Nova Fronteira
Idioma: Português
Encadernação: brochura, 16 x 23, 512 págs.
Ano edição: 2008
Autor: Lucy O´Brien
Tradução: Inês Cardoso
Preço: R$ 59,90

OS PIOLHOS SILENCIOSOS

Como os amigos já sabem, tenho dois filhos: um menino prestes a fazer 12 e uma menina prestes a fazer 5. No final de 2008, alguns dias depois de chegar do show de Madonna – claro, tenho que falar nela de alguma forma – me deparei com uma versão trash das pragas do Egito aqui em casa: piolhos!
Aparentemente começou por minha filha, que logo substituiu a bela escova cor-de-rosa por aqueles pentinhos básicos que todos já conhecemos um dia. Foram mais de sete dias tentando acabar com o hospedeiro indesejado.
Como as coisas sempre podem piorar ou melhorar, dependendo do grau de otimismo do momento, estranhamente elas pioraram. O garoto, que está cheio de maneirismos e comportamentos inusitados, próprios da fase, enfiava as duas mãos na cabeça com uma coceira frenética, deixando a bela cabeleira desalinhada. O tratamento dobrou.
A essa altura, já gastos bons reais – ninguém pense que cuidar de piolhos é barato –eu me perguntava de onde estavam vindo tantos ectoparasitas. E mais, se os de hoje eram de uma geração meio ninja, com alto grau de resistência aos tratamentos ditos eficazes. A pequena já estava de férias há semanas, bem como o maior. Onde teriam pegado?
Finalmente consegui exterminá-los aqui em casa. Não queria, de jeito algum, iniciar 2009 com esse tipo de mazela. Vai que dá azar. Só que aconteceu um revival, bis, parou por quê, algo do tipo. Meu garoto novamente com uma criação de dar inveja aos macacos da Mata Atlântica!
Pra resumir a situação, me achei na obrigação de comunicar aos amigos dele aqui do prédio: umas nove crianças, entre meninos e meninas, a maioria com uma vasta cabeleira! Tratando-se de uma comunidade, o problema deveria ser cuidado em conjunto, assim como é feito nas escolas, com todas aquelas circulares.
A surpresa veio quando falei com as mães. Pelo que entendi, seus filhos estavam sim com piolhos e continuavam descendo e circulando normalmente pelos apartamentos dos amigos. Sem nenhuma palavra, nenhum aviso. Ou seja: uma web piolhística retroalimentada! Agradeceram-me gentilmente e seguiram suas rotinas.
Confesso que me senti constrangida antes de pegar no interfone e dar a notícia a vizinhos que nem tenho intimidade. Mas achei que teria que fazê-lo. Não quero parecer a certinha da história, mas tudo isso me levou a refletir sobre como nos condicionamos a viver, mesmo sem percebermos, num padrão individualista e isolado. Pra não falar no odiado politicamente correto. É como se tudo estivesse em seu devido lugar, num mundo de caos instalado.
Talvez eu tenha exagerado na proporção do problema. Mas muitas vezes sofremos bem mais por dar aquele sorriso que não gostaríamos de dar. Vivemos numa esfera em que nossa fraqueza é a arma do outro. A do vizinho, a do colega de trabalho, a de um desafeto. E, à noite, acalentamos nossas inseguranças com ansiolíticos, homeopáticos ou não. O monstro está adormecido.
Por isso, faço minhas as palavras da nossa fantástica MADONNA: “Express yourself”. Não seria melhor enfrentar o inseto cosmopolita do que o monstro adormecido que mora embaixo de nossas camas? Ter piolho realmente não é elegante. Mas, aqui pra nós, quem se mantém elegante o tempo todo?

Crônica de um dia de férias

Crônica de um dia de férias


Após pagar religiosamente as contas do início do ano, e após um dia exaustivo de faxina, acordo meio perdida sobre o quê fazer no dia de hoje. Minha caçula vai para a casa da melhor amiga, e eu, como estou dentro do padrão mãe/24 hs – minha secretária também está de férias – estranho o dia desocupado que virá.
Mas aí terei a companhia do esposo, que só pegará hoje às 11 horas no trabalho. Ledo engano. Ele, já pronto, me diz um tchau, até mais tarde. Como assim? Pergunto. Vem uma desculpa esfarrapada qualquer e sigamos adiante.
Junto com ele vai minha caçula que dá um despretensioso tchau já segurando a porta – nem abraço e nem beijinho – e vai para a brincadeira. Olho em volta, resta meu aborrecente, ainda dormindo. Mas já são 9:30, posso chamá-lo para ir à praia comigo.
Ledo engano. Ele abre o olho esquerdo e pesadamente levanta a cabeça. A resposta vem em um sonoro e aborrecido “ÔÔ mãe, não tô a fim. Eu quero dormir!”. Sabe do que mais? Lembrei-me de quando também era aborrecente e metia as trombas para fazer as coisas sozinha – eu adorava fazer coisas sozinha - e minha mãe perguntava: “Mas vai sozinha?” “Não vai com ninguém?” Minha resposta era rápida e cortante: “Por acaso eu nasci pregada com alguém?”
Pois então. Se era tão fácil na adolescência, por que não é hoje? Hábitos ao longo dos anos. Mas aí, freando um pouco a ousadia, botei um maiô, – biquíni já seria demais, haja vista o anexo abdominal que tenho cultivado. Meio quilo de protetor solar, óculos escuros e meu novo corte de cabelo – channel. Segui adiante. Uma longa reta. Longa o suficiente para pensar em desistir, deitar-me na cama, ler, dormir, resmungar, atender telefone...
A areia estava convidativa. Pisei. Que delícia! Um paraíso na terra! O mar verde e brilhoso com o reflexo do sol. Céu azul. Caminhei e vi ao longo do percurso um monte de mães/24 hs com suas crias. Vi também outro punhado de mulheres de biquíni com vários anexos, até bem mais do que eu, mas que pareciam invisíveis, porque elas não estavam nem aí. Achei legal.
Entrar na água foi como transpor a barreira do tempo. Senti-me a mesma aborrecente malcriada e livre. Mergulhei várias vezes. Em sensações muito prazerosas: de amor pela vida e por mim. Banhar-me nessas águas é uma dádiva. Sorri sozinha várias vezes. Não esqueci de agradecer a Deus pela oportunidade da vida e de estar ali. E por ali fiquei um bom tempo. Praia lotada!
Sair foi um sacrifício. Quanta gente aproveitando a vida! Irei mais vezes. Agora, após o banho e mais meio quilo de hidratante, ao som – bem alto – de Madonna, traço essas rápidas linhas. É bom estar viva, sentir-me viva principalmente. Não esquecer-me em algum diário antigo. E, aqui pra nós, não nasci pregada com ninguém mesmo.
Recife, 07 de janeiro de 2009.