sábado, 23 de julho de 2011

Balé para adultos: Se tem vontade, não perca mais tempo!

Mais ou menos vinte anos. Esse é o tempo que decorreu desde o dia em que parei de dançar e parti para a luta do dia a dia. Aí vieram as faculdades, estudos para concursos, filhos, trabalho, marido, casa.
Num dia, janeiro. De repente, dezembro e um suceder de ciclos, vezes deliciosos, outras nem tanto. Vida comum de uma pessoa comum, uma filha de Deus.

Atividade física sempre foi importante. Mas e o tempo? Algumas matrículas em academias de ginástica, alguns rompantes de comprar malha nova. Caminhadas, pedaladas. A Yoga preenchia por dentro e por fora. Pilates? Não curti. E o tempo passava, na maior parte acompanhado com o sedentarismo.

Aí veio a descendência e minha filha entrou para o balé. Vieram as aulas, o espetáculo de fim de ano. Realização total! Total? No segundo ano, ela me comunica que não quer mais fazer balé. E essa notícia me atingiu em cheio, como uma lança envenenada no peito! Dramático, né? Pois assim foi.

Foi quando ouvi de uma amiga, que também tem filha que dança, e que também ama a dança, que para evitar um dia esse sofrimento, entrou para uma turma de balé para adultos. É óbvio, quando a gente tenta se realizar através do outro sempre corre o risco de resvalar na frustração.

E aí começa a parte principal da história. Em fevereiro encontrei a Academia Ângela Botelho, que investe e se dedica a um segmento cada vez mais procurado de balé adulto iniciante na cidade de Recife.

A escolha da roupa foi engraçada. Comprei tudo preto por achar que não combinava mais com o rosa das meias e saias. Muitos quilinhos a mais dos tempos de leveza, fui à minha primeira aula com a insegurança e a ansiedade de quem vai ao encontro do primeiro namorado. Muita emoção.

E o que posso dizer hoje para quem lê, é que sempre será tempo de realizar aquele sonho adormecido da juventude. Porque na verdade a juventude nunca passa quando nos mantemos vivos de espírito. O corpo pode inicialmente nem acompanhar como gostaríamos, mas somos perfeitamente adaptáveis, e quando se trata de algo para nós prazeroso, não temos idéia do quanto podemos ir além.


Aproveito para postar o vídeo de minha primeira apresentação: uma aula-apresentação realizada no Teatro Barreto Júnior, diante de uma platéia que incluiu meu filho, minha filha que voltou a dançar quando viu minha empolgação, e meu esposo, todos aplaudindo e surpresos com a revelação de uma faceta minha que não conheciam. É sempre bom surpreender, principalmente a nós mesmos.
PS - No video, sou a terceira, da esquerda para a direita, na fila de trás.

domingo, 17 de julho de 2011

Pernambuco no palco da Mostra

Com um fim de semana de alto índice pluviométrico. Assim foi o encerramento da 9ª Mostra Brasileira de Dança, realizada em Recife, de 10 a 17 de julho. Apesar das chuvas impiedosas, o evento não perdeu seu brilho. Com lançamento de livros, exposições, oficinas e apresentações diversificadas, o público não se fez de rogado e prestigiou o evento.

Afrodite se fez presente nos dia 15 e 16, respectivamente no Teatro Barreto Júnior e Teatro Luiz Mendonça – Parque Dona Lindu – e para não se furtar aos comentários, sigamos com o texto.
A idéia foi mostrar a diversidade de gêneros, estilos e forma de produção da dança, segundo Romildo Moreira, diretor teatral. Tanto que numa única noite o público assistiu Dança moderna, contemporânea, solo de samba, Dança do ventre, Ballet Clássico e Dança Afro. Todos de Pernambuco.

Destaque para as coreografias do pernambucano Black Escobar, em seus 30 anos de carreira e que assinou duas das oito apresentações da noite.  Também para a coreografia “Fuga”, do Gesttus Grupo de Dança, que através de um elenco de atitude – todas as bailarinas muito seguras – apresentaram os movimentos de uma dança contemporânea bem marcada com elásticos envolvendo os corpos. A Cia. Pernambucana de Dança do Ventre contagiou a plateia, com seu colorido vibrante, suas músicas animadas e a sensualidade que o gênero traz em si.

E quando chegou a hora do Ballet Clássico, o Ballet Maysa deu seu recado. As bailarinas Vanessa Costa e Raíssa Araújo apresentaram variações de La Bayadére e Noite de Walpurgis, ambos ballets de repertório remontados e dirigidos por Simone Monteiro. A propósito, o ballet Maysa também representará Pernambuco no 29º Festival de Dança de Joinville, que acontece de 20 a 30 de julho. A bailarina Raíssa Araújo, classificada para o evento fará apresentações. Raíssa dançará a coreografia Noite de Walpurgis, mesma apresentada em primeira mão dia 15, no Barreto Júnior. Ficamos na torcida pelo seu sucesso, que certamente virá, pois se trata de bailarina dedicada e talentosa.

Com um palco estalando de novinho, quem não fez por menos foi o Maracatu Nação Pernambuco, que apesar da tromba d’água teve a certeza de seu público fiel, que não faltou ao recém inaugurado Teatro Luiz Mendonça.

Com o espetáculo “Batuque da Nação”, montado para palco, o Nação roteirizou a cultura rítmica pernambucana e trouxe colorido e muita dança para a ciranda, côco, frevo e caboclinho, dentre tantos outros ritmos.

Quem enfrentou o dilúvio da cidade e trocou a cômoda poltrona de casa pela dúvida se haveria espetáculo foi reverenciado ao final, quando os 32 integrantes do Nação Pernambuco descem do palco e convidam o público para também dançar. E assim foi o grand finale: o Maracatu Nação em fileira no hall da entrada do teatro e o público, já pra lá de aquecido registrando a cena e dançando. Espetáculo bom é aquele que deixa gosto de “quero mais, né?”.

A Mostra, que já vai em sua 9ª edição, vai aos poucos criando novos hábitos e trazendo mais gente para o mundo da cultura e da arte, tão importante no desenvolvimento do ser. Talvez tenha faltado um pouco mais da participação de grupos de outros estados, apesar de MG, CE, PB, Portugal e Equador terem marcado presença. Mas trata-se de uma construção que só evolui...