segunda-feira, 8 de junho de 2009

Você se comunica?



Sou daquela turma que não acredita em coincidências. Acho que tudo que acontece tem um significado e quer nos dizer ou mostrar algo. Ontem passei por uma experiência do tipo. Logo cedo estávamos eu e uma amiga levando nossos filhos para mais uma rodada de jogos escolares. Eu havia recebido dela um power point muito bonito sobre os portadores de down e aproveitamos o caminho para conversar sobre o assunto. Ela é da área de educação e trabalha com especiais. Como o assunto é vasto e interessante, enveredamos pelos surdos-mudos.

Mais tarde, quando dessa vez saí com a família para almoçar, ficamos num daqueles restaurantes com área de lazer para as crianças gastarem suas energias. E após alguma barganha de garfadas no alimento, lá se foi minha pequena de cinco anos brincar no parquinho que estava cheio.

Como essa aprendiz de feiticeira é pra lá de coimunicativa, já sai conversando com todos, como se já os conhecesse há anos.

Da mesa onde estava, a via andando atrás de uma garota um pouco maior do que ela. Depois de algum tempo, fiquei preocupada quando a vi tocando a menina várias vezes no ombro e falando já com uma cara meio braba. Aproximei-me e a recreadora já havia intervindo e estava explicando algo que em meio ao barulho, demorei a entender: a menina com quem ela estava querendo brincar era surda-muda.

Minha reflexão começou no carro durante a volta para casa. E confesso que ainda não terminou. A reação de minha filha foi um misto de tristeza e raiva por não ter conseguido se comunicar com a outra criança. Eu não esperava ter tanta dificuldade em explicar para ela que era perfeitamente possível ela se comunicar por outros meios que não fossem a fala, vez que ela já havia decidido de forma convicta que a menina não seria mais sua amiga pois ela não tinha conseguido estabelecer comunicação.

Percebi a grande lacuna e limitação no universo que tenho apresentado para minha filha. Na limitação de sua escola também, e na limitação de todo o sistema de educação do país. Os especiais sobrevivem em verdadeiras ilhas criadas pela sociedade, por nós, que temos o velho hábito de apenas olhar para nosso próprio umbigo.

Minha aflição começou a amenizar quando procurei resgatar um pouco de minha formação em comunicação social e a falar que a fala é APENAS UMA linguagem. Que os olhos comunicam, o corpo comunica, e as mãos também. Bingo! Lembrei-me da língua brasileira de sinais - LIBRAS.


A partir daí, o panorama mudou e minha pequena perguntava cada vez mais como era essa linguagem. Ficou muito interessada, e do nosso passeio ficou a constatação de que preciso olhar mais ao redor e a promessa de aprendermos juntas o alfabeto para ela poder conversar com TODOS. Enfim, a NOS incluirmos na real sociedade do dia a dia.



3 comentários:

  1. Aê, Creusa!
    Que ruído na comunicação,heim? Só uma retificação. Não é surdo-mudo. Os surdos não são mudos, pois se comunicam. Tive um aluno e uma aluna surdos e, acredite, uma delas até falava oralmente. No entanto, preferia fazer isso via leitura de trabalhos. A LIBRAS é uma língua cheia de mistérios. As letras da língias de sinais não vão ajudar muito na comunicação, pois as palavras nao se escrevem como as nossas. É outra língua mesmo! hehehe
    Bjokas

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  2. Valeu amiga!!!!
    LIBRAS: Mãos que falam, quebrando o silêncio!!!!
    Ninguém é perfeito, todos temos uma deficiência. O que somos mesmos, está dentro de nós. Ela sim, nossa ALMA é perfeitinha.
    " Bem aventurados os que me amam com eu sou, tão somente como sou e não como eles gostariam que eu fosse.
    Bem aventurados os que me aceitam e me respeitam. Só não escuto! Sou SURDO ".
    BJS.
    kátia.

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  3. Kátia, como falei, não foi coincidência. Foi uma demonstração de que precisamos nos interessar mais pelo outro. As fragilidades são o que nos tornam humanos, e cada um tem as suas. Depois preciso pegar umas dicas com vc. Anônimo, é verdade, o surdo não fala porque não ouve, mas tem todo o potencial da voz. Olha só um vício que veio lá do colégio, quando fazíamos o plural de palavras compostas. E aprender as letras da língua de sinais é uma forma de começar, e como aos cinco anos está rolando todo aquele interesse pela alfabetização, torna-se atrativo para uma criança começar a conhecer mais sobre esse universo. Valeu! Bjos para vcs.

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