Adoro viajar.
Aliás, não faço questão de roupa de marca, carro de luxo ou qualquer outro tipo
de exigência consumista. Mas viajar é meu fraco. Conhecer lugares, sua
arquitetura, história, costumes, culinária, como são as pessoas. Observar
outros hábitos abre os horizontes e nos faz enxergar a rotina de forma
diferente. Voltamos renovados.
E a viagem
inicia bem antes, lá nas pesquisas de passagens, hotéis e roteiros. É uma
delícia! Tudo quase um paraíso. Quase. Para mim, particularmente o problema
começa com a antecedência de um mês, por volta das três da madrugada. Uma chuva
de neuras estraga prazeres insiste em fervilhar na minha criativa cabeça a
ponto de me deixar sem sono.
O assunto é
básico. Viajamos de carro e ninguém está livre de um acidente. Mas aí,
desculpem o mau agouro, podemos sair com algum ossinho quebrado ou alguns
hematomas. Já para quem insiste em transgredir a lei da gravidade... Já manjou?
O problema é o avião. Sim, esse veículo que nos facilita a vida e que nos põe
do outro lado do mundo em muito menos tempo do que permitiria nosso arsenal
terrestre ou marítimo.
O interessante
é que durante esse período de autoflagelo – um mês antes da viagem – os meios
de comunicação insistem em veicular algum tipo de acidente aéreo. É a peste!
Tiro e queda! Avião some, avião faz pouso forçado, avião colide, valei-me!
Ontem um
piloto de monomotor achou por bem de fazer graça em Nova Zelândia e chamar a
atenção da imprensa. Fez pouso forçado numa praia lotada por conta de uma pane.
Após consertar o motor e tentar decolar, deu um mergulho tipo golfinho e enfiou
o bico nas marolas. E realmente foi cômico porque ninguém teve nada.
Pronto, danou-se!
A dois dias da minha viagem, agora esse mote: pane e pouso forçado! Mas não
pense que eu não gosto de voar. Acho o máximo um bichão daquele, cheio de gente
e de tralha subir e descer todo certinho. Curto todo o processo. Mas curto
tensa, dura feito uma vara de bater feijão. O parente que estiver junto de mim
na decolagem e na aterrissagem sofre. Passa uns dois dias com o braço todo roxo,
porque aperto com força de fazer inveja a Hércules.
A essa altura,
deve ter alguém achando que é frescura ou que sou doida. Medo, criatura! Medo.
Alguém já lhe falou que é irracional? Sei de todas as probabilidades, que são
infinitamente menores do que andar de carro, blá blá blá. Mas vai dizer isso ao
meu inconsciente!
Faz parte do
meu processo. Talvez algum dia passe. O bom é que nunca deixo de viajar por
conta dele. Aliás, ele, o medo de voar, já integra o meu roteiro. É um dos
ingredientes para o pico de adrenalina. E quando piso em solo novo, tudo se
transforma! O encanto e a curiosidade tomam conta de mim e o espírito
desbravador entra em ação. Se o medo fica para trás? Ele se esconde em algum
lugar da mala, para entrar em ação na véspera da volta para casa!
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