Banzo. Palavra trazida pelos africanos e adotada por nós, povo brasileiro, sentimental por natureza. Sentimos banzo quando estamos longe de casa. Sentimos banzo em casa, da viagem que fizemos. Sentimos banzo do que poderia ter sido. Sentimos banzo quando um cheiro nos transporta a alguma época, ou a alguém.
Domingo à tarde tem cara de banzo. O horário anuncia o fim do fim de semana. Traz-nos melancolia. É como ouvir músicas românticas da década de 50. Muitos nem vivemos nessa época, mas sentimos uma doce saudade.
Só que banzo é mais que saudade. É a vontade irrealizável de voltar. Voltar no tempo, voltar a algum lugar, voltar para alguém. Hoje estou de banzo, como meus irmãos africanos. Imagino o tamanho do deles, que remetia a além mar. Mas cada um tem o seu, do jeito que lhe cabe, do tamanho do seu viver. Banzo é assim: merece respeito e um pouco de tempo para curti-lo. Afinal, banzo não é vazio. É repleto de significado e de memórias.
Pintura de Isabelle Vittal