Visão externa do Cemitério |
Assim como Buenos Aires é o
destino de muitos brasileiros, o Cemitério da Recoleta é uma das principais
atrações turísticas da cidade. Inaugurado em meados do século XIX, e cravado nas
praças desenhadas pelo arquiteto e paisagista francês Charles Thays, o
cemitério é uma espécie de portal entre a vida espiritual e a mundana. Do lado
de fora, em sua rua lateral, ocorrem as noitadas nos cafés, pubs e restaurantes.
Lá tanto podem ser degustadas umas boas empanadas como uma pizza no capricho.
Sempre regados com a melhor cerveja argentina, claro.
Além do glamour de guardar os
corpos de aristocratas e personalidades influentes na História do país, o cemitério
é considerado um museu, pois abriga valiosas obras de arte. Na verdade,
trata-se de um labirinto de ruas estreitas e lápides de variadas formas,
tamanhos e expressões distribuídos em seus quase seis hectares.
Uma curiosidade para os mais sangue
frio é que é possível ver muitos caixões que ficam expostos em suas lápides de
vidro, apoiados em bancos de cimento ou carrinhos de metal. Certamente não é como
passear em um museu. A depender da vibração e do perfil de cada visitante.
A lápide mais concorrida é a de
Eva Peron. Após sua morte, em 1953, seu corpo foi embalsamado e exposto por
alguns dias para os argentinos. Mas após o golpe de estado, ele foi roubado e
ficou desaparecido por anos, até ser encontrado enterrado num cemitério de
Milão, na Itália. Quem se encarregou de trazê-lo para sua terra natal
foi a Presidente Isabelita Perón, então viúva do ex presidente Perón.
Mausoléu da família de Evita |
O corpo de Evita descansa no
Mausoléu da Família Duarte e não deixa de causar uma certa decepção aos
desavisados que lá encontram simplicidade estética, diante de tantos outros
monumentos fúnebres. Nesse cemitério vá preparado para
encontrar de tudo um pouco. Afrodite se deparou com uma equipe coreana gravando
um take onde um casal de jovens chega falando algo sobre quem foi Evita e a
moça deposita um ramalhete de flores na porta do mausoléu. Cena exigentemente repetida umas nove
vezes, até que o diretor se deu por satisfeito e outras pessoas puderam tirar suas fotos e prestar suas
homenagens.
O visitante pode encontrar também, ao cair da
tarde, um jovem casal de góticos aparecendo de repente daquelas ruelas. Não
importa. Só não deixe de ir, pois se não for levado à reflexão, terá boas
imagens na memória e na câmera. E, ao transpor o pórtico de colunas dóricas,
deixando para trás o mundo dos mortos, não deixe de tomar uma cerveja no Café
La Biela, logo em frente, e celebrar a vida que, nessa cidade, torna-se
infinita.