Domingo de Páscoa. Muita gente viajou. Boa parte de quem ficou tratou de desentocar suas magrelinhas e botar na rua. A bicicleta está de volta e passou a ocupar lugar de destaque e respeito no trânsito. Aqui em Recife, o segundo domingo da ciclofaixa móvel teve boa adesão dos ciclistas de carteirinha e dos nubs também.
São grupos de pedal, famílias com seus pimpolhos em cadeirinhas, gente de todas as idades, com destaque para os sessentõoes em plena forma. O sol em Recife não perdoa. Protetor solar, capacete e uma camiseta que proteja são o suficiente para pegar a reta. A reta da ciclovia e da ciclofaixa. A primeira parte, para quem sai da zona Sul, é serpenteada pela praia de Boa Viagem. Coqueiros, pausa para hidratação com água de côco, tudo de bom. A dica é sair cedo, umas 7h/8h, porque com o sol ainda baixo, cansa bem menos.
E, na boa, fazer isso num domingo de Páscoa, para quem já comeu quase um quilo do néctar do cacau, é quase uma redenção. Quatro mil cones e 25,5 quilômetros são o suficiente para aliviar a consciência.
Para os amantes da fotografia, uma parada obrigatória é a Ponte do Pina. Brasília Teimosa ao longe, céu azul e o mar são poesia para quem saiu do universo automobilístico. A experiência vale muito a pena. Uma nova cidade se descortina aos olhos. Quando estamos dentro de um carro, somos limitados em um universo interno, introspecto, como quem observa uma paisagem através da janela. A partir do momento que pomos os pés no chão, o limite é o céu azul, e realmente enxergamos a bela Recife.
Pra descer todo santo ajuda. Passamos pelo Cais José Estelita, com seus antigos armazéns de um lado, e do outro o rio e o mar. Tudo junto e misturado.
A via crucis vem a seguir. A subida do Viaduto das Cinco Pontas. Tem que ter uma perninha, digamos, calibrada para subir sem pedir penico. Mas nada que afaste o sedentário. É só praticar a humildade, desmontar e ir empurrando sua magrela. Tem até umas sombras de árvores para quem está pedindo arrego. É só imaginar que logo cruzará a Ponte Giratória (que não gira há mais de cinquenta anos) e logo estará no Marco Zero da cidade. Uma espécia de marco divisório da ciclofaixa.
Como o período é Pascal, deu pra abiudar os bastidores da cenografia da Paixão de Cristo do Marco Zero. Pra quem não viu, seguem algumas fotos.
Essa é a hora de tomar um picolé. Vários carrinhos oferecem o geladinho para a pausa. Enquanto isso, admiramos a arquitetura do início do século XX, como a Bolsa de Valores, hoje prédio da Caixa Cultural Recife.
Esse é um bom local para marcar encontro com o amigo que ainda não tem bike. No Porto Leve, Por R$ 5,00, é possível alugar o veículo uma hora e pedalar à vontade.
E pra quem ainda tem perna boa, uns trinta minutos de descanso são o suficiente para o percurso de volta. Para quem a essa altura recebe sinal do joelho ou da coluna, liga pra casa e pede um help. Difícil mesmo é escolher qual paisagem é mais bela para postar nas redes sociais.