
O fato é que semana passada a Corte do Malauí negou seu pedido de adoção da menina Mercy, de quatro anos. O fundamento da decisão foi o não preenchimento de um dos requisitos legais que é a residência, pelo adotante, no país há pelo menos 18 meses.
Emerge o debate legalidade X humanidade. Apesar de ter completado 50 anos, Madonna transborda vitalidade física e mental. Tem três filhos, um inclusive malauiano, adotado em 2006. Como seu ex-marido Guy Ritchie declarou, “Madonna é uma mãe fantástica e carinhosa, que se importa profundamente com seus filhos.”

A polêmica surgiu já durante a adoção de David Banda, quando ativistas políticos acusaram a cantora de ter usado sua fama para conseguir adotar crianças no país africano. À época, o requisito da residência foi dispensado. Agora, diante da pressão, o juiz que proferiu a recente decisão afirmou “Eu tenho que negar o pedido de Madonna”. O verbo “ter”, nessa conotação, diz muito.
O coordenador do Comitê de Direitos Humanos do Malauí disse à CNN que a decisão do juiz é “um triunfo para as crianças do Malauí”, pois acredita que a adoção de crianças por pessoas de outros países não é a melhor maneira de prover proteção para a criança. “Elas devem crescer cercadas por sua própria cultura e religião”. Será?
Desde quando crianças em um orfanato vivem melhor do que em um lar com amor e carinho? O pedido foi negado também para evitar precedentes, não abrindo uma porta para o tráfico internacional de crianças. Perfeito. No Brasil, a legislação sobre adoção internacional é rigorosíssima, como tem que ser.

Enfim, perde-se de um lado, ganha-se do outro. A menina Mercy não vai ter a oportunidade que seu conterrâneo David Banda está tendo. Em contrapartida, a Justiça do Malawi ganhou respeito e credibilidade.
Quanto à Madonna, sem dúvida continuará sendo “mãe” de muitas crianças, de muitas idéias e criações. Uma delas é o recente documentário “I am because we are”, que aborda as condições de miséria do povo africano. Ela também mantém a fundação “Raizing Malawi”, além de estar construindo uma nova escola para as crianças africanas.
Como compôs a Diva: “Say what you like/ do what you feel/ You know exactly who you are. The time is right now/ You got to decide/ Stand in the back or be the star.” (Beat goes on).